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Lembro as mulheres que tem passado pela minha vida,
as verdadeiras não são muitas,
lembro-as pela textura da sua pele,
pelo sabor dos seus beijos,
ou o cheiro das suas roupas,
o tom dos seus murmuros,
e quase todas associadas a algo.
Mas, tu, o plano carnal mais intenso,
gozado sem pressa numa cama desordenada e clandestina,
combinação perfeita de carícias, risos e jogos da mente,
tens gosto a pão, queijo e vinho.
Com quaisquer destes tesouros da cozinha surge diante
de mim uma mulher em particular,
uma antígua amante que volta persistente,
como um fantasma querido,
para pôr certa luz na minha idade madura.
Este pão e este queijo me devolvem o cheiro dos nossos abraços,
e este vinho cordilherano o sabor da tua boca.
Tudo não é mais que uma viagem sem mapa pelas regiões
da memória sensual onde os limites entre o amor e o
apetite são difusos e que inevitavelmente se me perdem ao todo.
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Manuel Schiaffino
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2 comentários:
Nossa!!! Mas esse Manolo é mesmo porreta pra escrever...
Ele se expressa com propriedade, certeza, vivência, força, intensidade,volupia...
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