quinta-feira, 5 de março de 2009

Saudade de Sayuri

C
Cheguei hoje de Gion. Já era madrugada quando entrei em casa e acendi a luz da sala. Reencontrei a minha vida depois de despedir-me de Sayuri. Ela olhou para trás uma última vez antes de sumir no meio da noite, enquanto eu me questionava sobre os encantos conhecidos de nós mulheres. Foi exatamente esta a sensação que tive ao fechar o livro e levantar-me da rede que me acolhia silenciosamente. Senti que nunca mais veria Sayuri e que sem sua companhia, não mais passearia pelas ruas de Gion. "Memórias de uma Gueixa" acompanhou-me por mais de um mês. Foi um período adorável e propositalmente longo de convivência. Esta história emocionante e tão bem escrita por Arthur Golden, conduziu-me por um jardim de encantos sutis e exaustivamente treinados durante anos pelas famosas gueixas japonesas. O preconceituoso e injusto conceito que nós acidentais temos destas encantadoras mulheres, evaporam-se quando nos deparamos com a bela menina de inebriantes olhos azuis-cinzas e quando esta se transforma em uma flor oriental de raríssima beleza. Sayuri é a escultura de uma suave mulher, leve e forte, doce e firme, subserviente e emocionante, femininíssima e imponente, sábia e altiva que encanta quem tem a oportunidade de conhece-La. Esta é uma obra que deve ser lida. Não vista. As telas de cinema encantam, mas reduzem em centenas de vezes a oportunidades que temos de passear por uma Gion misteriosamente curiosa.

Sentirei saudade de Sayuri.
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EG
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